quinta-feira, 4 de julho de 2013

A Fabulosa Fotografia de Amélie Poulain.


O cinema francês sempre me fascinou! Simples assim. Seja pelo idioma, considerado a mais bela e romântica de todas as línguas, quanto pelo talento de seus cineastas ao contarem suas histórias, arrisco a afirmar que a França é a segunda maior indústria do cinema no quesito qualidade.

A relação entre o país franco e o cinema remonta, é claro, o próprio nascimento da sétima arte. Nomes como Auguste e Louis Lumiére, e Georges Meliès estão gravados nos autos da cinematografia e também no subconsciente dos apaixonados por essa forma de expressão. É impossível falar de cinema sem mencionar a nouvelle vague de Jean-Luc Godard e François Truffaut, passando por Costa-Gravas, Jean Renoir e o recente Luc Besson. Todos cineastas que contribuíram imensamente para a propagação da cultura francesa e se utilizaram de toda a história e talento de seu povo para conquistar o mundo com suas histórias.
Inconcebível, também, é falar do cinema francês sem mencionar um dos maiores sucessos do país, O Fabuloso Destino de Amélie Poulain
Indicado a cinco Oscars e vencedor do BAFTA de melhor roteiro, o filme dirigido por Jean-Pierre Jeunet é um banho de inspiração visual que conta a história da garota do título, que ao tentar compensar a infância problemática, acaba influenciando a vida das pessoas que lhe rodeiam, seja desvendando mistérios, fazendo-se de cupido ou vestindo uma máscara de Zorro.
Para contar essa história, o diretor dispõe do talentoso fotógrafo Bruno Delbonnel para dar vida a uma das fotografias mais marcantes já vista no cinema.

Amélie é uma explosão de verdes, amarelos e vermelhos, cores inspiradas no trabalho do artista plástico brasileiro Juarez Machado, cujas pinturas decoram o apartamento da protagonista. Em diversas cenas, a fotografia de Delbonnel acerta em cheio ao usar o contraste entre o vermelho – para representar a paixão da personagem, sua força e entusiasmo – e o verde – usado ao retratar sua esperança e perseverança, além de reforçar o sentimento de calma dos ambientes –, e ao mesmo tempo quebrá-lo com a luz lateral amarela – para realçar as texturas e também exteriorizar a alegria, criatividade e jovialidade de Amélie. Curiosamente, essas são as mesmas cores que tornaram a lomografia tão popular entre os aficionados por fotografia.

 
Mas não só de cores vive a película… Com primorosos enquadramentos que tendem a respeitar a famosa regra dos terços, Delbonnel consegue guiar o olhar do espectador para seus personagens caricatos de um jeito natural, utilizando-se também de lentes grande angulares para adicionar o surrealismo tão característico nas comédias românticas francesas, e assim também centralizar e acentuar o isolamento emocional de Amélie Poulain com o ambiente e pessoas ao seu redor.
Fabuloso Destino de Amélie Poulain é um filme que merece ser visto rotineiramente pra nos fazer lembrar que muitas vezes a beleza e o amor podem ser encontrados nas coisas mais banais, até mesmo pequenas fotografias instantâneas.
  
 

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